“A Jari representava uma sangria no Grupo Orsa de R$ 10 milhões todo mês”
Entrevista do Diário do Amapá com o Senhor, Jorge Henriques Acionista do Grupo Orsa.
O Diário do Amapá foi até ao Pará e encontrou o principal acionista do Grupo Orsa, um conglomerado importante de empresas brasileiras que há 13 anos assumiu o controle da fábrica Jari Celulose, entre os estados do Pará e Amapá. A região do chamado Vale do Jari vive um momento de incertezas e preocupações desde o anúncio da paralisação do processo industrual da Jari. Jorge Henriques diz que foi necessário parar para que o prejuízo não comprometesse a força de todo o grupo, mas projeta para dezembro deste ano a retomada da produção, com a mudança do produto final do empreendimento, bem como do mercado consumidor. Acompanhe a seguir a entrevista
Diário do Amapá – Nessa transação que resultou na venda do Grupo Orsa, os negócios envolvendo a Jari Celulose continuam com o senhor e Sérgio Amoroso, é isso mesmo?
Jorge Henriques – Sim, realmente nós vendemos toda a nossa área de embalagens e a ideia é a gente estar investindo agora na transformação da Jari. Ela vai ser uma empresa de polpa solúvel e nós estamos já iniciando todas as transformações, os projetos e tudo mais. Nós esperamos dar início à produção da polpa solúvel no fim deste ano, em dezembro.
Diário – Essa polpa solúvel, qual sua diferença básica em relação ao produto final que a Jari Celulose tinha anteriormente?
Henriques – Antigamente nós fazíamos a polpa de mercado, que é uma polpa que você faz para o desenvolvimento de papéis, como papel higiênico, papel toalha, papel de imprimir e escrever. Já a polpa solúvel é uma polpa diferenciada porque ela vai para as áreas têxteis, que é um outro segmento, é um outro mercado, uma condição totalmente diferente, inclusive na formulação, no cozimento, na preparação, porque é uma polpa mais exigente, que consome mais madeira, então é uma polpa que vem de encontro inclusive a região no tocante a ampliar a área de plantação de eucaliptos, de geração de emprego e renda para a população local.
Diário – O projeto nasceu daquilo que seria um sonho de Daniel Ludwig, que acabou não dando certo. Depois o projeto foi entregue nas mãos de um grupo de empresários brasileiros, liderados por Augusto Antunes, que teria uma visão nacionalista disso tudo, daí ter encarado como uma missão. Como foi que o Grupo Orsa assumiu o deficitário projeto Jari?
Henriques – Então, quando a gente assumiu o projeto Jari a ideia era ampliar a produção de polpa de mercado, porque ela já era em 2000, quando o Grupo Orsa assumiu, uma empresa pequena para o segmento, com problemas tecnológicos, ela não tinha escala suficiente para competir com as grandes empresas então o custo dela fiava muito alto. Só que esse investimento ficava muito caro, era um investimento de alguns bilhões para você transformar ela numa celulose de mercado, como é a Fibra, como é a Cenibra, enfim, uma porção de empresas.
Diário – E perdendo mercado, o senhor diria?
Henriques - No transcorrer desse período ela foi entrando num processo de desgaste nos equipamentos e tudo mais e a solução que nós tivemos realmente é encontrar essa solução da polpa solúvel porque ela tem características, ela tem vocação para polpa solúvel, então a gente está esperançoso de que esse seja realmente o projeto de resgate definitivo da Jari eda região.
Diário
- Então o senhor diria que também durante a gestão do Grupo Orsa a Jari
Celulose representava prejuízos, ela não saiu do vermelho?Henriques - No transcorrer desse período ela foi entrando num processo de desgaste nos equipamentos e tudo mais e a solução que nós tivemos realmente é encontrar essa solução da polpa solúvel porque ela tem características, ela tem vocação para polpa solúvel, então a gente está esperançoso de que esse seja realmente o projeto de resgate definitivo da Jari eda região.
Henriques - A Jari Celulose representava uma sangria do Grupo Orsa em cerca de R$ 10 milhões todo mês.
Diário – Essa mudança toda se imagina que também deva mudar o mercado para essa nova demanda não?
Henriques – Com certeza, a agente atuava no mercado europeu principalmente e agora a gente vai atuar no mercado chinês, que é o maior mercado consumidor de polpa solúvel do planeta porque é também um grande produtor de tecidos.
Diário – O processo industrial teve que ser paralisado o que acarretou num certo desemprego na região do Vale do Jari, então como a empresa vem tentando dar continuidade às suas contrapartidas sociais apesar dos prejuízos provocados por essa paralisação?
Henriques – Sim, é um período realmente de dificuldades, porque coma empresa parada nós não estamos faturando. Nós fizemos vários acordos com os sindicatos, sindicato rural, sindicato da indústria, tivemos em Brasília, tivemos tentando fazer um acordo na tentativa de minimizar o máximo esse impacto.
Diário – E tem toda a pressão social também, não é mesmo?
Henriques - Então nós fizemos um acordo e estamos tentando manter mantendo, estamos com um número de funcionários até maior do que aquele eu está oficializado em acordo e a gente espera que agora no começo de outubro a gente já esteja recontratando essas pessoas para podermos ‘startar’ a fábrica em dezembro.
Diário – Essa é a previsão mais otimista então, que até dezembro comece a ter atividade industrial novamente?
Henriques – Sim, com certeza. A ideia, inclusive nos nossos contratos já estão prevendo a entrega de celulose em janeiro, então necessariamente a gente deveria estar começando a produção em dezembro. É lógico que há uma linha de aprendizagem, é uma polpa diferente, a fábrica está sofrendo várias modificações, então há uma linha de aprendizagem, mas a gente vão estar produzindo a polpa solúvel no final desse ano e a gente espera que em dois, três meses esteja em todo vapor.
Perfil...
Entrevistado. É uma espécie de diretor-geral, daí a sigla CEO em todos os protocolos de apresentação oficial. Mais que isso, é também acionista minoritário do Grupo Orsa, o engenheiro civil e industrial Jorge Francisco Henriques. Ele integra a organização desde 2001, inicialmente como gestor das unidades de Paulínia e Nova Campina, ambas no estado de São Paulo, nas áreas de Planejamento de Estratégias para Novos Mercados e Planejamento e Controle do Setor Produtivo. Suas atividades anteriores incluem a atuação durante 15 anos na Rodhia S/A, na área de assessoria técnica de investimentos. É o braço direito do presidente da empresa – Sérgio Amoroso – e seu único sócio em todo o empreendimento.
Entrevistado. É uma espécie de diretor-geral, daí a sigla CEO em todos os protocolos de apresentação oficial. Mais que isso, é também acionista minoritário do Grupo Orsa, o engenheiro civil e industrial Jorge Francisco Henriques. Ele integra a organização desde 2001, inicialmente como gestor das unidades de Paulínia e Nova Campina, ambas no estado de São Paulo, nas áreas de Planejamento de Estratégias para Novos Mercados e Planejamento e Controle do Setor Produtivo. Suas atividades anteriores incluem a atuação durante 15 anos na Rodhia S/A, na área de assessoria técnica de investimentos. É o braço direito do presidente da empresa – Sérgio Amoroso – e seu único sócio em todo o empreendimento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário